quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Como ando sem inspiração ultimamente (tudo por culpa do frio que congelou meu cérebro) , resolvi procurar nos meus rascunhos algo que valesse a pena ser postado. Lembrei que não postei isso aqui e não acreditei. 
Acontece que a ideia de contar essa história surgiu a partir do comentário que recebi da Thati Penna nesse post aqui
Então, segue o comentário da Thati e depois a minha história.


"Bom, é tradicao na minha familia do interior nos reunirmos pra jogar vispora (bingo)...tradiçao secular mesmo...alguns cartoes, sao nomeados e datados...tipo ( dona buru, 19/03/1930) . Usamos esse mesmo material a 50 anos, mesmo cartoes...fichas...só muda o feijao pra marcar...
Enfim..somos seculares no assunto. Mas como sempre , temos visita nessas reunioes..amigos novatos q nunca ouviram falar em dois patinhos na lagoa (22), dois machados num pau só(77), um cagando outro espiando (69). Tampouco sabe o q o é cachorro , terno e mesa. Explico: Cachorro, 5 pedras marcada num cartao, terno (3 pedras numa linha ) e mesa (uma linha inteira)
Apostamos dinheiro ou prenda...nao importa...o q importa é qdo sentamos ali somos jogadores, inimgos...
Bom, comeca o jogo, alguem de responsa comeca a cantar as pedras. Nós, os seculares, marcamos uma aqui outra ali...o iniciante (a visita) comeca a marcar bem mais q gente...de repente ela fala: gente...fiz esse negocio de tres pedras na linha. Pronto, pensamento de todos: Vaca!! E la se vao todas as apostas pra ela... Depois mais duas pedras cantadas , a vaca fala : o q é mesmo 5 pedras no cartão?? Pensamento dos experientes : é o caralho, iniciante de merda!!! Bom, enfim...a iniciante entao completa a linha inteira...e conquista todo o ódio e inimizade da familia. O que antes era uma linda amizade se torna um algo de nao poder olhar na cara...
E a pessoa leva todos nossos trocados, nosso afeto e a promessa de q nunca mais pisar na nossa casa...
Viu como é facil agradar minha familia??
Quer jogar vispora???"



Depois desse comentário lembrei de uma tarde que passei no clube quando as crianças eram pequenas. Eu e minha amiga Fernanda éramos mães em tempo integral e nas horas horas vagas jogadoras de tranca. A gente jogava toda tarde tomando champagne que o marido dela, médico, ganhava dos pacientes. Quando esfriava a gente tomava vinho e teve dias que a gente tomou vinho que custava quase R$1000 a garrafa por pura ignorancia, mas que era bom era, descia redondo!!
Uma tarde fomos ao clube e levamos nosso baralho na bolsa.
Alimentamos as crias, soltamos as delinquentes no clube e nos encaminhamos para o salão de jogos .
La no salão de jogos tinham as velhinhas viciadas em tranca, daquelas velhas profissionais mesmo sabe? Eu e a Fê nos recolhemos a nossa insignificancia, pegamos uma mesa no canto do salão e fomos jogar. 
O detalhe era que, ao contrário da gente, elas não tinham baralho e tinham que esperar o bar do salão de jogos abrir, e foi aí que entramos na jogada. Elas encostaram e perguntaram se a gente não queria jogar uma rodada até elas conseguirem um baralho.
Ficamos cabreiras, argumentamos que elas eram muito boas e a gente super amadora, que a humilhação seria grande e que a gente não sabia nem as regras direito.
Não teve jeito, elas insistiram e a gente acabou cedendo.
Formamos a mesa, eu e a Fê contra a dupla das velhinhas.
Uma delas ficou de fora, sentou ao meu lado e o jogo começou.
Eu quero que vocês imaginem um massacre, uma humilhação, uma lavada. Imaginaram?
Foi exatamente isso que aconteceu. Só que fomos nós que humilhamos as velhas.
Era uma lavada atras da outra.
A gente batia enquanto as velhas não tinham canastra e todos os 3 vermelhos do jogo.
Até canastra real a gente fazia, e as velhas nem uma mísera canastra suja.
O clima ficou tenso.
Uma delas alegou que a gente tava ganhando porque a velha de fora tava me ajudando.
Não era, era sorte oura mesmo!
A velha de fora ficou brava, falou que a amiga não sabia perder.
Depois a outra velha falou que a gente tava ganhando porque a parceira dela não baixava nada e segurava jogo na mão.
Aí f.... a velhinha ficou brava, jogou as cartas na mesa e gritava que não tava escondendo nada.
Eu olhava pra Fê e as lagrimas caíam dos olhos dela de tanto que ria.
Eu não me aguentei e ria tambem, tentando ser discreta e pedindo calma para aquelas velhas loucas.
A essa altura elas ja estavam de pé enfiando o dedo uma na cara da outra, era o caos formado.
Discretamente recolhemos o baralho e pedimos desculpas pelo ocorrido.
Fomos embora fazendo xixi na calça de tanto rir.
E largamos as velhas lá, quase se estapeando.
Nunca mais voltamos naquele salão de jogos, ficamos com medo de alguma delas ter enfartado.
Poderíamos ser condenadas por homicidio culposo!





9 comentários:

  1. ai Pat...amei!!
    Pior q é isso mesmo...o ódio do jogo ultrapassa até o amor "maternal"
    Sabado comprei um jogo de cartas para divertirmos na noite fria...ja tava imaginando a familia feliz, todos devidamente agasalhados e em volta da mesa curtindo a brincadeira...
    Olha...bastaram umas 3 rodadas, pra eu sair berrando estressada, o filho mais velho indo pro castigo de tanto q queria roubar, e o mais novo chorando pq nao sabe perder..
    Tava quase indo buscar um casaquinho e só voltando o dia seguinte...
    Mereço, né?
    Bjsss

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  2. Não Pat, só você mesmo...to me matando de rir imaginando, hahahahaha, já joguei muito aqui em casa com a parte mais velha da familia por que com os filhos também não dá certo, me deu uma vontade...
    Acho que deviamos incrementar nosso próximo happy fio a fio girls com uma partidinha, hahahaha bjooo

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  3. Ri muito. Você escreve tão bem que visualizei tudo desde o início !
    Bjs

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  4. Eu PRECISO jogar vispora com a mãe da Thati.
    Eu sou competitiva.
    Vou aguentar o tranco!!
    Amei este post.
    E nunca na vida imaginei que vispora era bingo.
    Pensei que vispora era aquilo na pata dos cavalos ! #EDITHFEELINGS!

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  5. Oi, Pat:
    Também sou meio viciadinha na tranca. Mas não sou nada profissional, heheheh! Mas jogo é jogo. Semana passada, por exemplo, estava jogando em casa com um dos meus filhos e quando veio a carta da canastra real, dei uma levantada tão empolgada que acabei quebrando um copo de água que estava na beira da cama ... meu filho perguntou: Tá nervosa, mãe? Calma, é apenas um jogo.

    Mal ele sabe ... jogo é sempre jogo! hahahaha!
    Beijo!

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  6. Pat, adoro sua prosa! Você escreve muito bem e e um prazer ler suas historias. Coluna na Vogue RG já para você! Beijos, Sabrina Paesler

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  7. Sabrina 1 hahaha eu tbem não tenho espirito esportivo, jogo eh jogo e como disse a Thati, na mesa so existe inimigos.
    Sabrina 2 ja pensou eu na RG escrevendo esses absurdos hahaha luxo puro!

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  8. Eu amo jogar baralho!, o problema é que meu marido não gosta e...
    Um dia, sentei numa mesa com uns 10 homens (profissionais - maridos das amigas) para jogar poquer, euzinha somente de mulher... imagina como me sacanearam... mulher e loira... e detalhe, eu nem sabia as regras direito pois tinha jogado poquer há muito tempo atrás e não lembrava... tive que fazer uma "colinha" para consultar... pois bem...
    Fui eliminando um por um! e os caras desesperados... tínhamos apostado dinheiro...
    e os caras "não acredito, perder pra mulher loira e que tem que fazer cola das regras, é muita humilhação" huahuahauauahu
    Me diverti muito aquele dia...
    Beijusss

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